Para começar

Bem-vindo às trevas do meu desejo, caro leitor. Inicie sua viagem por aqui: 1 - Natureza

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

3 - Mares sem fim

Internet – essa maravilha moderna onde navegamos usando o teclado como caravela... Na net vê-se de tudo: futebol, política e, é claro, sexo, muito sexo.

Não há palavra que se digite em um site de busca, por mais inocente que seja, que não retorne algumas opções que envolvam a atividade humana mais praticada, desde o surgimento da nossa espécie. Temos aí alguns bilhões de viventes para prová-lo.

Assim, como não poderia deixar de ser, também passei a usar a internet, mais especificamente, as salas de bate-papo específicas para aqueles que se aventuram no mundo tão cantado por Donatien François.

A princípio confesso que foi um desencanto. Ao entrar com meu nome, Rainha Sarah, em tais salas, fui abordada por vários, que se diziam submissos, mas que mal sabiam a maneira correta de endereçar alguém que usa tal alcunha.

Distraía-me mais com contos. Quando os achava com boa qualidade – o que não era tão comum.

Ainda lembro-me da primeira vez em que estive em uma sala de bate papo de BDSM: não foram poucos os que atraídos por uma possibilidade de dominação “básica”, fugaz, abordaram-me sem boas maneiras.

Mas, mesmo assim, não desisti e, vez ou outra, encontrava alguém para me divertir. Ninguém em especial, apenas diversão esporádica.

E assim, segui.

Porém, é importante que se diga que odeio quando, nestas salas voltadas para meu estilo de vida, que iniciem a conversa com “Boa noite, Rainha. Como vai?”. Oras, submissos não são meus iguais para iniciar comigo uma conversa como se estivessem me paquerando no bar da esquina.

Em determinado dia, já estava de saída, pensando que não encontraria nada além de wannabe subs, quando, inesperadamente, sub_sp envia-me uma mensagem: “Desculpe-me por incomodar, Rainha. Mas se a Senhora quiser teclar comigo, estou ao seu dispor”.

Primeiro o choque – oras, não é que há nestes vastos mares virtuais alguém capaz de respeitar a formalidade e escrever uma frase completa, colocando-se em modo de espera – e ainda usando corretamente o pronome oblíquo? (Neste ponto é importante que eu esclareça: não sou daqueles chatos que se debruçam discutindo a heresia do internetês. A língua é viva, progride e adapta-se. O internetês é tão somente a prova disto!)

Mas, o fato é que em meio à rudeza e despreparo de tantos que se auto-classificam submissos, despontava ali uma raridade. E raridades me atraem sobremaneira: seja o belo, seja o feio; seja o perfeito, seja o imperfeito - desde que tragam em si algo que os diferencia dos demais.

A raridade em questão sabia que para se iniciar uma conversa com uma Mistress, sendo-se um submisso, tem-se que se colocar no devido lugar e fazer uso de todo o respeito e delicadeza que um idioma pode oferecer. Este é o único meio de se obter minha atenção.

Afinal, a verdadeira submissão – assim como a verdadeira arte de Dominar – não é algo passível de ser ensinado/aprendido. Ou se é, ou não se é. Ou se nasce ou não se nasce.

Assim, sub_sp cativou minha atenção.

“Descreva-se” – obviamente, ele teria que ser alguém que me agradasse minimamente.

“1,80m. Cabelos castanhos. Meio vermelhos. Olhos azuis. Um pouco acima do peso. Um escravo por natureza”.

Interessante.

“Saia e entre com o nick escravo_RainhaSarah. Apenas me divirto com o que me pertence.”
“Sim, Senhora”.

Imediatamente, aquele que se autonomeava sub_sp saiu e retornou usando o nome que eu lhe havia determinado.

A resposta imediata aos meus desejos sempre desperta minha vontade e minha curiosidade. Quanto mais submissos, mais me interessam.

“Às suas ordens, Rainha.”
“De que maneira você está?”
“De joelhos.”
“Quero ver”.

Imediatamente ele liga seu vídeo-chat.

Vejo um amontoado de cabelos meio despenteados da cor castanha. Há um leve brilho vermelho neles. Típico das misturas brasileiras, pensei. Na posição em que ele se encontrava, eu podia ver, além de seu cabelos, seus ombros de cor clara, mas cheio de sardinhas.

O cômodo onde ele se encontrava estava bem iluminado, assim eu podia ver detalhes de seu corpo – e sua câmera era de ótima resolução. Ele estava de cabeça baixa – óbvio que não olharia diretamente para a câmera naquele momento. As pessoas têm vidas que querem preservar, oras.

E confiança é algo que se conquista pouco a pouco – ainda mais entre uma Senhora e seu escravo. Pouco a pouco, sim, afinal, não existe treinamento, extensão de limites e de possibilidades sem que haja confiança – o tempo é o verdadeiro aliado de uma Mistress. O tempo e sua própria capacidade de Dominar e ser obedecida.

Assim, meu brinquedinho de momento – sim, pois, até aquele ocasião não havia nada que pudesse indicar a profundidade da nossa relação que se estabeleceria com um forte vínculo em pouco tempo – possuía um redemoinho encantador no meio de sua cabeça.

“Diga seu nome” sussurrei, já com a voz embargada em antecipação, ao vê-lo de joelhos sem que fosse preciso ordená-lo – considerando-se que era nossa primeira conversa.

“escravo da Minha Rainha.”

Um tremor percorreu meu braço. Uma vontade de segurá-lo pelos cabelos, bem perto daquele redemoinho e forçar sua testa até o chão – mas, infelizmente a internet ainda não nos fornece todas as possibilidades.

Disse-lhe que se pusesse de pé, mas ocultasse seu rosto. Eu queria observá-lo por inteiro, todo o seu corpo, sua pele. Minhas narinas dilatavam-se imaginando o odor que exalaria de sua pele. Cheiro de submissão, cheiro de pertencimento.

Quando ele se postou de pé, instruí-lhe a exibir seu corpo começando por suas pernas, que pareciam fortes, passando por seu estômago e peito. Realmente, ele estava acima do peso, mas não era nada exagerado – um corpo absolutamente normal para alguém de sua idade. Pequenas pintinhas cobriam seu peito.

“Vire-se”.

Nádegas me fascinam. Eu não poderia divertir-me com alguém que não tivesse uma bunda respeitável.

E a dele era: pequenos pelos lisos e finos cobriam a superfície de sua bunda clara, mais clara que o resto do corpo, com uma marca de sunga – além de redonda.

“Incline-se e abaixe seu torso para frente”

Ao abaixar-se ele me deu uma bela visão de sua bunda, na posição em que eu gostaria de meter um plug anal bem fundo... Mas, isso, certamente, não aconteceria. Pelo menos, não agora, não ainda.

“Segure as duas partes de sua bunda com as mãos e exponha-se para mim.”

Senti uma pequena hesitação. Suas mãos demoraram um segundo mais que o necessário.

“escravo. Minhas ordens são para serem seguidas. Agora, arreganha a porra da bunda” disse subindo o tom, sem elevar a voz, mas imprimindo nela toda a minha capacidade de comando, toda a minha Natureza.

E, mais uma vez, tive a comprovação, mesmo a quilômetros de distância: escravos são como cães – se você não der conta de dobrá-los à sua vontade com sua voz, é porque não se é seu Mestre. Ou Mistress.

Suas mãos que hesitaram por um segundo apenas dirigiram para as duas partes de suas nádegas e as separaram expondo seu ânus completamente. Era rosado e pequeno e eu já podia imaginar um consolo sendo enfiado por aquele buraco abrindo seu esfíncter ao máximo do suportável.

“Você tem feijões?”
“Sim, Senhora” levantando sua cabeça.
Mantenha esta posição. Não lhe disse para se mexer.”
Perguntei de novo, pausando bastante minha voz, tomando tempo. Eu sabia que aquela posição era desconfortável, ele fazia um ângulo reto com seu corpo, mantendo as pernas em V. Com os braços esticados para trás suas costelas comprimiriam os pulmões, mas apenas um pouco.

“S-i-m, Se-nhora” disse ele ofegante, mas sem mexer-se um milímetro.
“Ótimo. Busque uma mão cheia deles. Vou marcar o tempo. Sempre que eu o fizer, se você não o cumprir, eu desligo a conexão e você não terá mais como encontrar-me, entendeu?”
“S-im, Senho-ra.”
“Levante-se. Você tem 30 segundos. Vá, agora.”

Ouvi seus passos descalços, fruto da sola de seus pés batendo no taco, afastando-se rapidamente do microfone e, menos de 20 segundos depois, retornando.

A câmera estava posicionada de forma a que eu não visse seu rosto, mas todo o seu corpo do pescoço para baixo – porém apenas quando ele estivesse posicionado próximo a ela. Ele, na ânsia de obedecer, esqueceu-se que ao afastar-se da câmera eu o veria por inteiro, especialmente quando ele se aproximasse.

E assim foi. Vi seu rosto, de óculos, e seus cabelos lisos meio desarranjados que caíam displicentemente sobre sua testa.

E ele nem se deu conta do perigo.

Sorri internamente. Este possuía alma de submisso – com uma pequena pressão sobre si, esquecia-se de toda a cautela. Chegava a ser cômico. Ainda mais se se pensasse que ele não possuía nenhuma imagem minha. Eu jamais me permitiria ser observada de imediato.

É óbvio que eu nunca me aproveitaria da displicência de um submisso. Nem mesmo pela internet. Jamais. Meu senso de justiça impedir-me-ia de fazê-lo, que fique claro!

Mas, mesmo assim, era lindo ver uma vontade dobrada tão facilmente. Deixa-me com uma sensação quente e úmida entre as pernas ao mesmo tempo em que sinto o fogo cruzar o fundo dos meus olhos esverdeados.

“Coloque os grãos no chão.” Desta vez fui imediatamente obedecida.
“Cuidado para que não se espalhem. Aponte a câmera para você enquanto faz isto”

Ele os catou cuidadosamente e, agachado, deixou-os relativamente juntos.

“Agora. Ajoelhe-se sobre eles. É sua lição por hesitar.”

Ele levantou seu rosto, desacreditando do que ouvia, e eu pude vê-lo com clareza. Ele era bonito. Algumas sardinhas no seu rosto, mas não muitas. Aparentava ter, de fato a idade que havia me dito.

E em seu rosto havia o olhar que denunciava que ele jamais havia passado por isto.

Alguma dúvida com relação à minha ordem?” disse em tom ameaçador.

Ele ajoelhou-se de pronto. De uma vez. Crispou levemente os dentes depois que seus joelhos acertaram os grãos duros.

“Eu lhe ordenaria permanecer por 30 segundos. Como demorou a obedecer a ordem, que sejam 45. Nâo quero você sentado sobre suas canelas. Quero você ajoelhado, como numa prece. E repita incessantemente: Devo obedecer à minha Senhora sem hesitação.”

Ele, resignadamente, abaixou a cabeça e murmurou: “Sim, Senhora.”

“Eu quero ver sua cara, a sua dor.”

Sem questionar-me, ele levantou seu queixo e mirou a câmera sem pestanejar, sem um dedo de hesitação, enquanto repetia meu mantra pessoal.

Este é todo meu – pensei.

“Devo obedecer à minha Senhora sem hesitação.”

10 segundos.

“Devo obedecer à minha Senhora sem hesitação.”

20 segundos e ele fecha seus olhos, apertando-os.

“Devo obedecer à minha Senhora sem hesitação.”

30 segundos e ele crispa seus lábios.

“Devo obedecer à minha Senhora sem hesitação.”

“Não se mexa!” – sussurrei com a voz cheia de tesão. A dor dele causou-me uma contração no clitóris.

45 segundos.

“Saia.”

Ele deixou-se cair no chão de taco e abaixou sua cabeça para ver a vermelhidão sobre seus dois joelhos acariciando-os com as mãos e removendo pequenos grãos rígidos que haviam entrado em sua pele.

“Eu não lhe disse que poderia desviar seu rosto”.

E ele me olhou. E seu olhar era doce e submisso. E triste.

Meu coração acelerou e eu senti uma vontade imensa de tocar seus cabelos e acariciar-lhe a cabeça para mostrar-lhe que havia feito o certo.

“Aprendeu sua lição?”
“Sim, Senhora. Eu agradeço.”
“E o que você deve fazer, cachorrinho?”
“Devo obedecer à minha Senhora sem hesitação.”

De fato, a internet é muito útil. Muitos mares a serem navegados, afinal.

E foi assim que meu cãozinho aprendeu sua primeira de muitas lições.

Mas sobre as demais, vocês já sabem. Outro dia.

Um comentário:

  1. Parabéns Dona Sarah! A Senhora sabe como conduzir um escravo com perfeição, e transmitiu isso no texto.

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Olá. Não é concedido a todos comentar sobre minha Natureza, portanto aguarde.