Não há palavra que se digite em
um site de busca, por mais inocente que seja, que não retorne algumas opções
que envolvam a atividade humana mais praticada, desde o surgimento da nossa
espécie. Temos aí alguns bilhões de viventes para prová-lo.
Assim, como não poderia deixar de ser,
também passei a usar a internet, mais especificamente, as salas de bate-papo
específicas para aqueles que se aventuram no mundo tão cantado por Donatien
François.
A princípio confesso que foi um
desencanto. Ao entrar com meu nome, Rainha Sarah, em tais salas, fui abordada
por vários, que se diziam submissos, mas que mal sabiam a maneira correta de
endereçar alguém que usa tal alcunha.
Distraía-me mais com contos.
Quando os achava com boa qualidade – o que não era tão comum.
Ainda lembro-me da primeira vez
em que estive em uma sala de bate papo de BDSM: não foram poucos os que
atraídos por uma possibilidade de dominação “básica”, fugaz, abordaram-me sem
boas maneiras.
Mas, mesmo assim, não desisti e,
vez ou outra, encontrava alguém para me divertir. Ninguém em especial, apenas
diversão esporádica.
E assim, segui.
Porém, é importante que se diga
que odeio quando, nestas salas voltadas para meu estilo de vida, que iniciem a
conversa com “Boa noite, Rainha. Como vai?”. Oras, submissos não são meus
iguais para iniciar comigo uma conversa como se estivessem me paquerando no bar
da esquina.
Em determinado dia, já estava de
saída, pensando que não encontraria nada além de wannabe subs, quando, inesperadamente, sub_sp envia-me uma
mensagem: “Desculpe-me por incomodar, Rainha. Mas se a Senhora quiser teclar
comigo, estou ao seu dispor”.
Primeiro o choque – oras, não é
que há nestes vastos mares virtuais alguém capaz de respeitar a formalidade e escrever uma frase completa,
colocando-se em modo de espera – e ainda usando corretamente o pronome oblíquo? (Neste ponto é importante que eu esclareça: não sou daqueles chatos que se debruçam discutindo a heresia do internetês. A língua é viva, progride e adapta-se. O internetês é tão somente a prova disto!)
Mas, o fato é que em meio à rudeza e despreparo de tantos que se auto-classificam submissos, despontava ali uma raridade. E raridades me atraem
sobremaneira: seja o belo, seja o feio; seja o perfeito, seja o imperfeito - desde que tragam em si algo que os diferencia dos demais.
A raridade em questão sabia que para se iniciar uma conversa
com uma Mistress, sendo-se um submisso, tem-se que se colocar no devido lugar e
fazer uso de todo o respeito e delicadeza que um idioma pode oferecer. Este é o
único meio de se obter minha atenção.
Afinal, a verdadeira submissão –
assim como a verdadeira arte de Dominar – não é algo passível de ser
ensinado/aprendido. Ou se é, ou não se é. Ou se nasce ou não se nasce.
Assim, sub_sp cativou minha
atenção.
“Descreva-se” – obviamente, ele
teria que ser alguém que me agradasse minimamente.
“1,80m. Cabelos castanhos. Meio
vermelhos. Olhos azuis. Um pouco acima do peso. Um escravo por natureza”.
Interessante.
“Saia e entre com o nick
escravo_RainhaSarah. Apenas me divirto com o que me pertence.”
“Sim, Senhora”.
Imediatamente, aquele que se
autonomeava sub_sp saiu e retornou usando o nome que eu lhe havia determinado.
A resposta imediata aos meus
desejos sempre desperta minha vontade e minha curiosidade. Quanto mais
submissos, mais me interessam.
“Às suas ordens, Rainha.”
“De que maneira você está?”
“De joelhos.”
“Quero ver”.
Imediatamente ele liga seu
vídeo-chat.
Vejo um amontoado de cabelos meio
despenteados da cor castanha. Há um leve brilho vermelho neles. Típico das misturas brasileiras, pensei.
Na posição em que ele se encontrava, eu podia ver, além de seu cabelos, seus
ombros de cor clara, mas cheio de sardinhas.
O cômodo onde ele se encontrava
estava bem iluminado, assim eu podia ver detalhes de seu corpo – e sua câmera
era de ótima resolução. Ele estava de cabeça baixa – óbvio que não olharia
diretamente para a câmera naquele momento. As pessoas têm vidas que querem
preservar, oras.
E confiança é algo que se
conquista pouco a pouco – ainda mais entre uma Senhora e seu escravo. Pouco a
pouco, sim, afinal, não existe treinamento, extensão de limites e de
possibilidades sem que haja confiança – o tempo é o verdadeiro aliado de uma
Mistress. O tempo e sua própria capacidade de Dominar e ser obedecida.
Assim, meu brinquedinho de
momento – sim, pois, até aquele ocasião não havia nada que pudesse indicar a
profundidade da nossa relação que se estabeleceria com um forte vínculo em
pouco tempo – possuía um redemoinho encantador no meio de sua cabeça.
“Diga seu nome” sussurrei, já com
a voz embargada em antecipação, ao vê-lo de joelhos sem que fosse preciso
ordená-lo – considerando-se que era nossa primeira conversa.
“escravo da Minha Rainha.”
Um tremor percorreu meu braço.
Uma vontade de segurá-lo pelos cabelos, bem perto daquele redemoinho e forçar
sua testa até o chão – mas, infelizmente a internet ainda não nos fornece todas
as possibilidades.
Disse-lhe que se pusesse de pé,
mas ocultasse seu rosto. Eu queria observá-lo por inteiro, todo o seu corpo,
sua pele. Minhas narinas dilatavam-se imaginando o odor que exalaria de sua
pele. Cheiro de submissão, cheiro de pertencimento.
Quando ele se postou de pé,
instruí-lhe a exibir seu corpo começando por suas pernas, que pareciam fortes,
passando por seu estômago e peito. Realmente, ele estava acima do peso, mas não
era nada exagerado – um corpo absolutamente normal para alguém de sua idade.
Pequenas pintinhas cobriam seu peito.
“Vire-se”.
Nádegas me fascinam. Eu não
poderia divertir-me com alguém que não tivesse uma bunda respeitável.
E a dele era: pequenos pelos
lisos e finos cobriam a superfície de sua bunda clara, mais clara que o resto
do corpo, com uma marca de sunga – além de redonda.
“Incline-se e abaixe seu torso
para frente”
Ao abaixar-se ele me deu uma bela
visão de sua bunda, na posição em que eu gostaria de meter um plug anal bem
fundo... Mas, isso, certamente, não aconteceria. Pelo menos, não agora, não
ainda.
“Segure as duas partes de sua
bunda com as mãos e exponha-se para mim.”
Senti uma pequena hesitação. Suas
mãos demoraram um segundo mais que o necessário.
“escravo. Minhas ordens são para
serem seguidas. Agora, arreganha a porra da bunda” disse subindo o tom, sem
elevar a voz, mas imprimindo nela toda a minha capacidade de comando, toda a
minha Natureza.
E, mais uma vez, tive a
comprovação, mesmo a quilômetros de distância: escravos são como cães – se você
não der conta de dobrá-los à sua vontade com sua voz, é porque não se é seu
Mestre. Ou Mistress.
Suas mãos que hesitaram por um
segundo apenas dirigiram para as duas partes de suas nádegas e as separaram
expondo seu ânus completamente. Era rosado e pequeno e eu já podia imaginar um
consolo sendo enfiado por aquele buraco abrindo seu esfíncter ao máximo do
suportável.
“Você tem feijões?”
“Sim, Senhora” levantando sua
cabeça.
“Mantenha esta posição. Não lhe
disse para se mexer.”
Perguntei de novo, pausando
bastante minha voz, tomando tempo. Eu sabia que aquela posição era
desconfortável, ele fazia um ângulo reto com seu corpo, mantendo as pernas em V. Com os braços
esticados para trás suas costelas comprimiriam os pulmões, mas apenas um pouco.
“S-i-m, Se-nhora” disse ele
ofegante, mas sem mexer-se um milímetro.
“Ótimo. Busque uma mão cheia
deles. Vou marcar o tempo. Sempre que eu o fizer, se você não o cumprir, eu
desligo a conexão e você não terá mais como encontrar-me, entendeu?”
“S-im, Senho-ra.”
“Levante-se. Você tem 30 segundos. Vá, agora.”
Ouvi seus passos descalços, fruto
da sola de seus pés batendo no taco, afastando-se rapidamente do microfone e,
menos de 20 segundos depois, retornando.
A câmera estava posicionada de
forma a que eu não visse seu rosto, mas todo o seu corpo do pescoço para baixo
– porém apenas quando ele estivesse posicionado próximo a ela. Ele, na ânsia de
obedecer, esqueceu-se que ao afastar-se da câmera eu o veria por inteiro,
especialmente quando ele se aproximasse.
E assim foi. Vi seu rosto, de
óculos, e seus cabelos lisos meio desarranjados que caíam displicentemente
sobre sua testa.
E ele nem se deu conta do perigo.
Sorri internamente. Este possuía
alma de submisso – com uma pequena pressão sobre si, esquecia-se de toda a
cautela. Chegava a ser cômico. Ainda mais se se pensasse que ele não possuía
nenhuma imagem minha. Eu jamais me permitiria ser observada de imediato.
É óbvio que eu nunca me
aproveitaria da displicência de um submisso. Nem mesmo pela internet. Jamais.
Meu senso de justiça impedir-me-ia de fazê-lo, que fique claro!
Mas, mesmo assim, era lindo ver
uma vontade dobrada tão facilmente. Deixa-me com uma sensação quente e úmida
entre as pernas ao mesmo tempo em que sinto o fogo cruzar o fundo dos meus
olhos esverdeados.
“Coloque os grãos no chão.” Desta
vez fui imediatamente obedecida.
“Cuidado para que não se
espalhem. Aponte a câmera para você enquanto faz isto”
Ele os catou cuidadosamente e,
agachado, deixou-os relativamente juntos.
“Agora. Ajoelhe-se sobre eles. É
sua lição por hesitar.”
Ele levantou seu rosto,
desacreditando do que ouvia, e eu pude vê-lo com clareza. Ele era bonito.
Algumas sardinhas no seu rosto, mas não muitas. Aparentava ter, de fato a idade
que havia me dito.
E em seu rosto havia o olhar que
denunciava que ele jamais havia passado por isto.
“Alguma dúvida com relação à
minha ordem?” disse em tom ameaçador.
Ele ajoelhou-se de pronto. De uma
vez. Crispou levemente os dentes depois que seus joelhos acertaram os grãos
duros.
“Eu lhe ordenaria permanecer por
30 segundos. Como demorou a obedecer a ordem, que sejam 45. Nâo quero você sentado sobre suas canelas. Quero você ajoelhado, como numa prece. E repita
incessantemente: Devo obedecer à minha Senhora sem hesitação.”
Ele, resignadamente, abaixou a
cabeça e murmurou: “Sim, Senhora.”
“Eu quero ver sua cara, a sua
dor.”
Sem questionar-me, ele levantou
seu queixo e mirou a câmera sem pestanejar, sem um dedo de hesitação, enquanto
repetia meu mantra pessoal.
Este é todo meu – pensei.
“Devo obedecer à minha Senhora
sem hesitação.”
10 segundos.
“Devo obedecer à minha Senhora
sem hesitação.”
20 segundos e ele fecha seus
olhos, apertando-os.
“Devo obedecer à minha Senhora
sem hesitação.”
30 segundos e ele crispa seus
lábios.
“Devo obedecer à minha Senhora
sem hesitação.”
“Não se mexa!” – sussurrei com a
voz cheia de tesão. A dor dele causou-me uma contração no clitóris.
45 segundos.
“Saia.”
Ele deixou-se cair no chão de
taco e abaixou sua cabeça para ver a vermelhidão sobre seus dois joelhos
acariciando-os com as mãos e removendo pequenos grãos rígidos que haviam entrado em sua pele.
“Eu não lhe disse que poderia
desviar seu rosto”.
E ele me olhou. E seu olhar era
doce e submisso. E triste.
Meu coração acelerou e eu senti
uma vontade imensa de tocar seus cabelos e acariciar-lhe a cabeça para
mostrar-lhe que havia feito o certo.
“Aprendeu sua lição?”
“Sim, Senhora. Eu agradeço.”
“E o que você deve fazer,
cachorrinho?”
“Devo obedecer à minha Senhora
sem hesitação.”
De fato, a internet é muito útil.
Muitos mares a serem navegados, afinal.
E foi assim que meu cãozinho
aprendeu sua primeira de muitas lições.
Parabéns Dona Sarah! A Senhora sabe como conduzir um escravo com perfeição, e transmitiu isso no texto.
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