É o que sou. É como me sinto.
Nasci para dominar. Ter sob meu domínio físico e psicológico os subs que
merecerem meu amor incondicional.
Em se tratando de
relacionamentos, não há amor maior do que o dedicado por sua Rainha a seus
subs, pois ela apenas o é através da submissão deles.
Sim, não há como negar, fiz-me
Rainha quando, pela primeira vez, tive um cão a meus pés, domado, subjugado,
quebrado.
Dominado.
Meu e apenas meu – emprestado sob
meu desejo, se assim eu o quisesse. Mas, sempre cativo de mim.
Porém, não pense que sou uma
predadora sexual. Nada disso. O meu envolvimento sexual resumiu-se sempre a
alguns escolhidos – baunilhas ou subs – mas todos selecionados por mim, seja
casualmente, o que raramente aconteceu, seja para os demais momentos.
Assim, não surpreendi a mim mesma
quando novamente, de maneira plena, sentia-me Rainha através de um novo cão que
estava ao meu dispor, mesmo que virtualmente– após anos de diversões fugazes
transitando entre os mundos baunilha e BDSM.
A solidão já há algum tempo me
fazia novamente querer alguém para domar. Queria novamente sentir-me completa
além de, obviamente, colocar em prática um plano antigo, mas nunca realizado:
eu não desejava apenas um submisso, mas dois.
Dois cães a meu serviço. Dois
cães aos meus pés. Dois cães para realizarem meus mais tenebrosos desejos, minhas
mais trevosas vontades – e as mais simples também.
E, apesar de procurar por muito
tempo, jamais havia encontrado nem ao menos um que fosse talhado da madeira
forte necessária para o entalhe de um sub verdadeiro, entregue tanto quanto eu
precisava.
Até agora.
Devido às minhas últimas
experiências com um cãozinho que encontrei por sorte na internet, algumas delas
relatadas para vocês em minhas letras, estava, pela primeira vez em anos,
confiante de que, finalmente, havia encontrado meu primeiro. Meu número 1.
Ele possuía um nome que usava antes de me conhecer. E continuaria usando-o sempre que estivéssemos em ambientes que não fossem o nosso. Mas, ele apenas ouviria este nome de meus lábios raríssimas
vezes. Para mim, seu nome seria sempre Um.
Mas, para que minhas expectativas
se confirmassem, eu precisaria encontrá-lo. Estar com ele.
Entretanto, não há que se negar
que na internet residem muitos perigos e que, nem sempre, alguém é exatamente
quem diz ser.
Eu já vira seu rosto, vira-o
arrumado para o trabalho, com sua roupa branca e avental. Sabia onde ele
trabalhava.
E, é importante que se diga, ele
fazia bela figura naquele uniforme de Chef.
Sim, ele era um Chef e não apenas
um cozinheiro, como eu havia crido no começo. Trabalhava em um dos mais renomados restaurantes da cidade que, também ficava próximo a um hotel igualmente caro e renomado.
Seus cabelos acobreados, sempre
jogados de lado, de maneira displicente, faziam excelente contraste com a
roupa, branca com alguns detalhes em negro na lapela do paletó, que possuía
duas carreiras de botões – bem tradicional.
Faria com ele um último encontro
virtual. E, se ele se mostrasse ser quem eu pensava, em breve ele estaria
comigo sempre, aos meus pés – como também ele dizia ser seu desejo.
Entretanto, minha busca
continuava. O fato de ter encontrado um possível cão, me deixou muito mais
animada para tentar encontrar o outro. Continuei frequentando a mesma sala onde
havia encontrado meu sub_sp, meu querido Um.
E continuei encontrando idiotas.
Há poucos que realmente sabem
como se comportar frente a uma Mistress, isto é fato. Chegou ao absurdo de eu
receber mensagens do tipo “vou te chupar todinha!”. Que atrevimento. Tal comportamento
me enoja: estes, em sua maioria, são apenas aventureiros que querem sexo mais
apimentado. Não possuem a necessária natureza.
Mas, eu persisti e insisti.
Até que, certo dia, entrou
escravo_mg.
Escreveu-me: “Bom dia, Milady.
Estou a seus pés, se a Senhora quiser. Por favor, imploro. Me responda se posso
esperar para tc com a Senhora.”
Choque. A verdadeira submissão
sempre mexe comigo muito mais do que quase qualquer coisa. Talvez o mesmo tanto
que a música, minha outra paixão.
“Tudo bem.” Disse eu,
controlando-me para que os níveis de esperança e expectativa não subissem
demais. Era apenas uma frase, afinal. Uma frase excelente, mas apenas uma
frase.
“Apresente-se.”
“Tenho 32 anos. Sou professor.
Tenho 1,85m. Cabelos e olhos pretos. Moro no interior de Minas e me sinto muito
sozinho sem uma Dona.”
Este era mais alto que Um. E de
um tipo físico diverso. Interessante – espantaria a monotonia.
Em momentos como este, pego-me
pensando em algo que ouvi certa vez de um ginecologista: “mulheres são
monogâmicas, homens, não.”
Fiquei pensando se ele
acreditaria também na Cinderela e na Chapeuzinho Vermelho. E se teria
encontrado sua Princesa Encantada.
Contei-lhe um caso para responder-lhe à altura. Contei-lhe de uma conversa em minha sala de faculdade: em uma das
matérias havia uma turma quase que exclusivamente de mulheres e, certo dia, o
assunto surgiu: poligamia, endogamia. Era uma aula de Latim, mas,
inexplicavelmente, quando nos assustamos, o assunto estava lá.
Uma das colegas, uma mulher de
meia idade, contou a todos a maneira como seu desejo se desvanecia com o
relacionamento. Como ela, aos poucos, perdia o tesão em seu parceiro, mas que seu
olhar sempre corria para outros homens – que ela se negava possuir por não
querer trair.
Silêncio. E então, todas as
outras, jovens ou mais velhas, concordaram. Inclusive a professora, um tipo
meio carola e tradicional ao extremo. Simples assim.
Os poucos homens na sala – havia
três – arregalaram os olhos: primeiro em descrença e depois como quem descobre
um segredo de toda a vida. Acho que também eles acreditavam em contos de fadas.
Como minha antiga colega fez com
os rapazes de nossa sala, também fiz com meu ginecologista: tirei-lhe os pés
das nuvens contando-lhe que o desejo feminino, muitas vezes, está escondido do
marido ou parceiro antigo porque ele não é mais seu alvo, e assim, ele passa a
caracterizá-la como frígida. O orgulho masculino é tão grande que é incapaz de
perceber que o “problema” não está na mulher, que permanece com seus hormônios
em pleno funcionamento.
Com a diferença de que depois de
um tempo a mulher deseja outro – ou outros, mas não o marido ou o namorado de
anos porque não há mais chama entre eles. Quando ela abre suas pernas sem
desejo, imagina outro homem: o ator de cinema ou o colega de trabalho para que
possa satisfazer-se em braços que não mais lhe apetecem.
E isto, nada tem a ver com o
amor, que, não raras vezes, permanece o mesmo. E ela, por escolha, opta por
viver uma vida de satisfação média – em nome do sentimento, da família. E muitas
vezes por medo.
Mas, esta vida não era
satisfatória para mim. Eu queria mais e jamais sujeitaria minha Natureza para
satisfazer o ego masculino.
Porém, não trairia a confiança de
alguém. Jamais quebraria uma promessa. Por isso o mundo BDSM era meu lugar. Ali
eu poderia possuir dois cães e não ser cobrada por isso, como se cometesse
algum pecado.
E isto me fez deixar meu
ginecologista com o queixo caído ao ser confrontado com a verdade, talvez
matutando se sua própria mulher sentir-se-ia assim, talvez exatamente como você
esteja agora.
Mas, nosso assunto não é este e,
por isto, volto para escravo_mg.
Ao conversar com ele (não me
sentia inclinada a vê-lo ainda – Um tornara-me mais exigente do que já era) descobri
que ele havia sido possuído por uma Dominadora por cerca de um ano, mas que ela
o havia deixado em prol de outro sub – casara-se com ele e dedicar-se-ia
exclusivamente a ele.
Senti pena dele, mas também
pensava que ele poderia possuir algum problema de comportamento ou defeito
incorrigível.
Mas, algo chamou minha atenção:
ele gostava de agulhas. E dor. Dizia ser capaz de suportar muito do que eu
gostaria de infligir a um escravo de minha posse.
E possuía em casa alguns
brinquedinhos, herança de sua antiga possuidora.
Decidi seguir meu faro e arriscar.
“O banheiro fica longe de seu pc?
Sua cam mostraria você lá?”
“Sim, Senhora.”
“Eu procuro por algo bem
específico. Vejamos se você se enquadra. Você possui uma chibata de couro e
algumas agulhas?”
“Sim, Senhora.”
“Deixe-as à mão. Ligue a cam.”
Imediatamente ele o fez.
Apresentou-se de pé e completamente vestido.
“Ajoelhe-se, atrevido. Como ousa ficar de pé na minha presença, ainda
mais de roupas??”
Eu sentia o sangue efervescente.
Como ele podia ser tão insolente?
“Perdão, Senhora.” Falou imediatamente,
já arrancando suas roupas e colocando-se de joelhos.
Mas isto não alterou em nada
minha raiva. Como ele se atrevia?
“Primeira lição:
apresente-se sempre nu e de joelhos e jamais me dê as costas, a não ser que eu o mande virar-se, entendeu? Por sua
absurda insolência você pegará a chibata e eu quero ver suas costas vermelhas. Vire-se, quero ver suas costas. Conte em voz alta! E lembre-se, eu exijo ouvir o estalo a cada chibatada.”
“Me perdoe, Senhora. Me perdoe!
Estou só há muito tempo.” Disse lançando-se de rosto no chão.
Observei aquela figura patética
estirada no chão de joelhos, com as mãos postas implorando piedade. Ocorreu-me
que um escravo mantido por tanto tempo deveria, pelo menos, saber comportar-se,
apresentar-se.
E se não sabia, parte da culpa
era também da mulher que o havia treinado mal.
“Claro que perdôo!” disse com
minha voz mais macia.
E, quando ele levantou o rosto ouviu
“Agora a chibata – disse que lhe perdoava porque a culpa é tanto sua quanto de
sua ex-dominadora. Mas não lhe eximo da punição. Estalando a chibata! E apenas pare quando
eu mandar. E a cada chibatada você deve repetir: “Devo me apresentar sempre nu
e de joelhos.””
Sua chibata era linda, de couro
negro com uma empunhadura firme de onde saiam cinco cabos trançados de
aparência firme e ameaçadora.
Ia doer. Mas não doeria menos do
que a insolência com que ele me tratara. A punição não deveria ser pequena,
mesmo que ele tivesse sido mal treinado por incompetência alheia.
Ele pôs-se resignadamente de
costas para a câmera e eu pude ouvir o estalo agudo e doloroso contra suas
costas.
“Um. Devo me apresentar sempre nu
e de joelhos.” disse ele quando os cabos bateram em suas costas deixando leves
traços vermelhos.
Pelo menos ele sabia seguir ordens.
“Dois. Devo me apresentar sempre
nu e de joelhos.” Novo estalo. Novas marcas.
“Três. Devo me apresentar sempre
nu e de joelhos.”
“Quatro. Devo me apresentar
sempre nu e de joelhos.”
Suas costas começavam a tomar uma
maravilhosa tonalidade avermelhada. Fui buscar uma xícara de chá bem quente para
apreciar melhor o espetáculo.
“Quinze. Devo me apresentar
sempre nu e de joelhos.”
Vinte seria o total, mas eu não
diria isto a ele. O sofrimento mental deve ser tão forte quanto o sofrimento
físico.
Em algumas partes suas costas
começavam a tomar um singelo tom púrpura assumindo uma coloração bela e excitante.
“Vinte. Devo me apresentar sempre
nu e de joelhos.”
“É suficiente. Como você deve se
apresentar?”
“Sempre nu e de joelhos, Senhora.
Não acontecerá o oposto jamais.” Disse ele com sua voz cansada e fraquejando
devido à dor.
Ele havia feito bem. Havia
executado a punição com maestria. Mas, seria quem eu estava procurando?
“Retire a cadeira do computador.
Normalmente, eu deixaria você falar e escrever assentado, mas acho que a lição precisa
ser marcada para que você jamais se esqueça que eu odeio ser insultada com tal
comportamento insolente, entendeu?”
“Sim, Senhora, eu agradeço.”
Sua cam não mostrava seu rosto,
mas eu estalava de curiosidade. Entretanto, não me arriscaria a cruzar um
limite sem saber exatamente onde estava pisando. Subs são, muitas vezes como
coelhinhos assustados. Deve-se calcular bem a aproximação para que eles não se
espantem e saiam correndo.
“Como estão suas costas? Descreva
a sensação.”
“Senhora, estão ardendo muito. Em chamas. Sinto cada
uma das chibatadas ordenadas pela Senhora.”
“Ponha-se de pé. Quero ver seu
corpo.”
Houve um segundo de hesitação. Que estava acontecendo?
“De pé!”
E quando ele assim o fez vi o
motivo de seu medo: sua ereção estava no ápice.
“Como ousa?” – Desta vez até meu coração descompassou de fúria. Sou
recebida de pé e com roupas. Agora isto? Uma ereção não autorizada, dura como
pedra, afrontando meus olhos?
“Senhora, por favor. Por favor,
por favor. Eu não tenho palavras para me desculpar...”
“Vá para o banheiro, leve a cam e
posicione-a.” – a raiva podia ser sentida em cada uma das minhas palavras.
“Sim, Senhora.”
Ele fez como determinado. O tempo em toda a extensão de BH a São Paulo estava frio, gélido. Uma
frente fria estava estacionada sobre o estado há dois dias.
Eu estava frente ao PC bem
quentinha e agasalhada. Porque se apresentou com roupas eu pude ter a certeza
de que na cidade onde ele estava, também estava frio. Ele vestia um agasalho
completo e ao lado do computador havia uma xícara fumegante.
“Coloque o chuveiro no frio.”
Ele olhou diretamente para a
câmera por alguns segundos e eu percebi em seus olhos a leitura da palavra Cruel.
Suas costas estavam em brasas e
agora ele receberia água fria em todo o seu corpo. Eu podia ver com toda a
clareza que seu pênis nem se apresentava mais tão firme com a antecipação da
temperatura do chuveiro.
“Ligue o chuveiro. Entre de uma vez, molhando todo o corpo. De joelhos.
Não quero saber de moleza. E repita: “Devo exercer o autocontrole.””
Ele entrou e imediatamente
começou a tremer. Todo o seu corpo balançava-se sob a água gelada enquanto ele
arqueava as costas em um gesto instintivo de proteção.
“De-vo... e-exercer o
autocontrole.” Repetiu ele com a voz entrecortada pelo frio.
Sua respiração estava forte e de
sua boca saíam gemidos de desconforto junto à névoa de ar quente de seus
pulmões.
Porém não moveu um músculo para
sair. E repetiu sem interrupção, com a voz ficando cada vez mais firme e mais
cheia de certeza.
Contei três minutos.
“Desligue o chuveiro. De frente
para mim.”
Ele imediatamente, ainda trêmulo,
postou-se na posição, de cabeça e olhos baixos.
“O que você aprendeu hoje,
pequeno?” A suavidade invadia minha voz. Apesar de todo seu mal treinamento,
ele havia se esforçado muito.
“Devo me apresentar sempre nu e
de joelhos, Senhora. E devo exercer o autocontrole. Obrigado, Senhora. Estou
sentindo que começo a aprender. Me perdoe pela minha cabeça dura...” – disse
ele humildemente, sacudindo sua cabeça molhada de um lado para o outro, ao
mesmo tempo querendo remover os cabelos dos olhos enquanto fazia uma negativa
para seu comportamento mal treinado.
Ele tentava proteger o tórax do
frio abraçando-o enquanto se sacudia.
Naquele momento senti carinho por
ele e tive a ânsia de acariciar-lhe os cabelos negros e lisos.
Era mesmo um cãozinho.
“Pegue um pano. Quero ver você
secando toda a bagunça do banheiro.”
“Sim, Senhora.”
“Pode se secar primeiro.”
“Obrigado, Senhora.”
Ele correu e pegou um pano de
chão e começou a esfregá-lo pelo banheiro, nos locais por onde seu corpo havia
feito poças de água. Ele estava concentrado no serviço, mesmo sendo este
simples. Já havia percebido o nível de minha exigência e não mais queria
desagradar-me.
E a visão de sua desenvoltura em
um pequeno serviço doméstico era igualmente excitante.
Assim como o sentimento régio que
neste momento inundava meu coração.
De fato, uma Rainha apenas o é
através do bom comportamento de seus cães.
Rainha, é o que sou. E é como me sinto.
Rainha, é o que sou. E é como me sinto.
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Olá. Não é concedido a todos comentar sobre minha Natureza, portanto aguarde.